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No registro da Marinha, datado de 1929, consta o nascimento de Arthur Bispo do Rosario em 14/05/1909, em MG. Os pais: Adriano Bispo do Rosario e Blandina Francisca de Jesus.
No registro da Light, onde Bispo do Rosario trabalhou, está a data de 16/03/1911, natural de Sergipe e a mesma filiação.
Na Igreja Matriz de N. S. da Saúde, em Japaratuba, consta a data de batismo de uma criança de três meses, Arthur, em 5/10/1909. Os pais Claudino Bispo do Rosário e Blandina Francisca de Jesus. -
Bispo do Rosario ingressa na Escola de Aprendizes de Marinheiros do Sergipe.
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Bispo do Rosario alista-se como marinheiro no Quartel Central do Corpo de Marinheiros Nacionais, no Rio de Janeiro.
Sua passagem pela Marinha, entre 1926 e 1933, é marcada por punições e prisões, por faltas, mas também por períodos de comportamento exemplar e promoções. É classificado primeiramente como grumete e depois como sinaleiro. -
Entre 1928 e 1932, Bispo do Rosario conjuga sua carreira na Marinha com a atividade de boxer. Vários jornais de época registram sua atividade como pugilista. Tinha uma enorme resistência física aos golpes dos adversários, o que o levou a ser referido pelos jornais como “lobo do mar” e “marujo de bronze”.
Em entrevista ao jornal “Diário Carioca”, em 14 de fevereiro de 1932, o lutador Balthazar Cardoso informa que o título de campeão dos pesos-leves da Armada era de Arthur Bispo. -
É desligado da Marinha por indisciplina em 8 de junho de 1933. Jornais noticiam sua saída da Armada. Em 29 de dezembro deste mesmo ano, emprega-se como lavador de bondes na companhia Light. É promovido três vezes: ajudante de vulcanizador, vulcanizador e meio oficial. Suas atividades como boxer continuam durante o período de 1933 a 1935.
Em janeiro de 36, sofre acidente que esmaga um osso de seu pé, o que produz sequelas que o impedem de prosseguir em sua carreira de boxer. -
Um ano depois do acidente, em 23 de fevereiro, Bispo do Rosario é demitido da Light por descumprimento de ordem e ameaça ao profissional que era seu superior. Ele entra com uma ação indenizatória contra a Light, sendo defendido por José Maria Leone. Bispo do Rosario vai morar na casa do advogado, na Rua São Clemente, 301, em Botafogo. Vivia em uma dependência no quintal da casa e trabalhava como empregado doméstico. A convivência com esta família se manteve entre 1937 e 1960.
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Na noite de 22/12, Bispo do Rosario sai da casa onde morava, em uma espécie de peregrinação e se apresenta na igreja da Candelária, no dia 24/12. É dado como louco e encaminhado ao Hospital Nacional dos Alienados (RJ).
Descreve seus delírios místicos ao médico Durval Nicolaes em 26/12/1938 “Contou-nos o paciente seus sonhos fantásticos. Tem feito viagens através dos Continentes em missão religiosa onde ele aparece como frade”. É diagnosticado como portador de esquizofrenia paranóide. -
No dia 25 de janeiro é transferido para a Colônia Juliano Moreira, cuja triagem o aloja em um dos seus setores, o pavilhão 10 do Núcleo Ulisses Viana, reservado àqueles pacientes mais agressivos e “agitados”
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Retorna ao Hospício Nacional dos Alienados, pois não era adaptável ao regime colonial, segundo nos informa o ofício nº 587, de 09 de junho de 1939.
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A revista "O Cruzeiro" publica, no dia 27 de novembro de 1943, a matéria “Serão os loucos felizes?” (MANZON, J; NASSER, D., 1943) sobre o Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro, retratando a vida de muitos internos. Bispo do Rosario é um deles. É descrito como mais um dos pacientes que possuem “manias diferentes” e suas produções são mencionadas apenas como sintoma da loucura.
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Em janeiro de 1944, a revista A Cigarra (MANZON, J; NASSER, D. 1944) publicou uma matéria “Recordação da casa dos loucos” na qual Bispo – cujo nome é entendido pelo jornalista como um autodenominação em função de sua loucura – é apresentado como o místico mais famoso. Seus mantos são descritos como vestes divinas de um sujeito que se dizia um ser celestial.
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Bispo do Rosario dá entrada nos novos pavilhões do Centro Psiquiátrico Nacional, construídos para receber os internos do Hospício Nacional dos Alienados, que fecharia suas portas em setembro desse mesmo ano. Parece que Bispo foi transferido na primeira leva de pacientes.
Na foto, jornal de 1945 falando de desenhos de Bispo do Rosario. -
O jornal Diário Carioca publica a matéria "O senhor sabe se está maluco?". "As vocações naturais são sempre estimuladas. Somos levados à presença de "Bispo". Estava trabalhando numa sala ocupada por uma grande mesa. Sobre a mesa, folhas de papel cobertas de desenhos. Na maioria são paisagens, aspectos do próprio Hospital - e todos com senos de proporção, uma justeza de linhas e um jogo de sombras muito corretos".
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Em 18 de fevereiro Bispo do Rosario tem sua terceira entrada na Colônia Juliano Moreira, transferido do Centro Psiquiátrico Nacional e, novamente, no dia seguinte, retorna ao Centro Psiquiátrico Nacional.
Em 09 de maio de 1946 sai do Centro, sob a responsabilidade do advogado Humberto Leone. -
Em 27 de janeiro, Bispo do Rosario ingressa novamente no Centro Psiquiátrico Nacional, de onde é transferido para a Colônia Juliano Moreira no dia 06 de abril desse mesmo ano.
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Obras criadas por pacientes da Colônia Juliano Moreira são expostas no congresso, junto com as de outras instituições psiquiátricas nacional e internacionais. Bispo do Rosario não participa da exposição, muito embora já tenha iniciado sua produção. Desde 1948 havia retornado para a Colônia e trazido seus objetos.
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Foge da Colônia Juliano Moreira. Exerce diferentes atividade profissionais. No início dos anos 60, o médico Avany Bonfim emprega Bispo em sua clínica pediátrica Trabalhou ali por cerca de quatro anos. Vivia no sótão da casa ao lado, que fazia parte da clínica. Lá se dedica intensamente a produção de seus objetos.
Em 1954, começam a ser realizados, de maneira oficial e regularmente, da forma como existe ainda hoje, o concurso Miss Brasil. -
Em 08 de fevereiro, Bispo do Rosario retorna definitivamente para a Colônia Juliano Moreira.
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Com o início da abertura política no país, diferentes movimentos sociais, dentre eles a Reforma Psiquiátrica Brasileira, denunciam, no âmbito de suas várias ações, o estado de imensa precariedade em que se encontrava a assistência psiquiátrica no Brasil. O fotógrafo e psicanalista Hugo Denizart começa uma pesquisa sobre as condições de vida dos pacientes Colônia Juliano Moreira. Deste projeto surge o curta-metragem “Prisioneiro da Passagem”, sobre Bispo do Rosário, que estreia em 1982.
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O curador Walter Zanini inclui, na 16ª Bienal de São Paulo, o módulo “Arte Incomum”, com acervos internacionais de outsider art e art brut, além dos coleções oriundas dos hospitais psiquiátricos do Engenho de Dentro e do Juqueri. Bispo do Rosário não participa desta bienal.
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Os estandartes produzidos por Bispo do Rosario integram a mostra coletiva “À margem da vida”, no MAM do Rio, organizada por Frederico Morais, com a ajuda de Denizart e da artista plástica Maria Amélia Lopes Mattei. É a primeira vez que seus objetos são vistos fora da Colônia. Bispo do Rosario decide não ir à exposição.
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É fundado na Colônia o Museu Nise da Silveira. Seu acervo é composto pelas obras que antes ajudaram a formar o Museu Egas Moniz, sobre o qual não se sabe ainda qual foi o período de funcionamento.
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Fernando Gabeira realiza o vídeo “O Bispo” para rede de televisão Bandeirantes.
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O fotógrafo Walter Firmo e o jornalista José Castello publicam a reportagem “Quando explode a vida” na revista Isto É, em 31 de julho. Walter Firmo passa três dias na Colônia acompanhando e fotografando Bispo do Rosario, resultando em um ensaio fotográfico de mais de 60 imagens.
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Arthur Bispo do Rosario morre de infarto do miocárdio, arteriosclerose e broncopneumonia, na Colônia Juliano Moreira. Em sua certidão de óbito pode-se ler: “Deixa bens? Ignorado”.
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É montada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, a primeira exposição individual de Bispo do Rosario, intitulada “Registros de minha passagem pela Terra”.
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A exposição “Registros de minha passagem pela Terra” é montada Museu de Arte Contemporânea da USP, em São Paulo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no Museu de Arte de Belo Horizonte e no Centro de Criatividade de Curitiba.
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É realizada, sob curadoria de Frederico Morais, a primeira exposição internacional de Bispo do Rosario, “Arthur Bispo do Rosário”, no Kulturhuset, em Estocolmo, Suécia, em 20 de abril, no âmbito da mostra Viva Brasil Viva.
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Tombamento definitivo das obras de Bispo do Rosario pelo INEPAC.
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Bispo do Rosário representa o Brasil na 46ª Bienal de Veneza.
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Com a morte de Bispo do Rosário, a CJM se vê diante do desafio de decidir o destino das obras produzidas por ele durante os 49 anos que esteve internado intermitentemente. O conjunto da sua criação foi abrigado pelo então Museu Nise da Silveira. Em 2000, 11 anos após o falecimento de Bispo, a instituição altera o seu nome para Museu Bispo do Rosario, agora, homenageando o principal artista de seu acervo.
Em 2002, o então Museu Bispo do Rosário agrega “Arte Contemporânea” à sua denominação -
As obras de Bispo do Rosario participam do módulo “Imagens do Inconsciente”, com a curadoria de Nise da Silveira e Lula Mello, no âmbito do “BRASIL + 500 MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO”,
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A curadoria da bienal faz de Bispo do Rosario o artista norteador da mostra.
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É publicado o primeiro livro de Frederico Morais sobre sua experiência com as obras de Bispo do Rosario e sua análise crítica.
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Exposição “Walter Firmo: um olhar sobre Bispo do Rosario”, curadoria Flavia Corpas, no Centro Cultural da Caixa, no Rio de Janeiro, setembro de 2013.
Lançamento do livro “Arthur Bispo do Rosário: arte além da loucura”, de autoria de Frederico Morais e organização de Flavia Corpas. -
Bispo do Rosario, pela segunda vez, participa da Bienal de Veneza, agora da 55ª e à convite do curador geral da mostra.
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Projeto de catalogação, inventário e higienização da obra de Bispo do Rosario através da pesquisa, organização e outras ações de salvaguarda do acervo, realizadas pela equipe do Museu em colaboração com outros especialistas, lançando mão de serviços e logísticas especiais para o tratamento do acervo. O projeto prevê ainda a edição do Catálogo Raisonné de Arthur Bispo do Rosario, publicação referência para consulta e controle público da obra do artista. https://museubispodorosario.com/acervo/
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O conjunto das obras de Arthur Bispo do Rosario é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
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É iniciado o projeto “Içar Velas”, para restauração da obra “Grande Veleiro”. É montado um laboratório de conservação e restauração no mBrac. É realizada a exposição “Casa Carioca”, no Museu de Arte do Rio, no Rio de Janeiro. É realizada a exposição “O Bispo e a África”, na Fábrica de Arte Marcos Amaro, em Itu, São Paulo. Ver: https://museubispodorosario.com/arthur-bispo-do-rosario/
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São Paulo recebe um grande exposição do artista, com 600 obras, no Itaú Cuktural
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Pela segunda vez, as obras de Bispo do Rosario participam da Bienal de São Paulo. Na sala onde foram exibidos diversos de seus estandartes, um diálogo com as obras de Rosana Paulino.