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Eurico Gaspar Dutra nasceu em Cuiabá, no Mato Grosso, em 18 de maio de 1883, filho de José Florêncio Dutra, comerciante modesto e ex-combatente na Guerra do Paraguai.
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ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, em 1904. Nesse ano, participou, junto com companheiros de corporação, da Revolta da Vacina, deflagrada na capital federal contra o governo do presidente Rodrigues Alves. Por conta disso, foi expulso da Escola Militar, só retomando seus estudos no ano seguinte, quando foi anistiado
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Em 1906, ingressou na Escola de Guerra de Porto Alegre; em seguida, cursou a Escola de Artilharia e Engenharia. Durante a década de 10, foi freqüente colaborador da revista Defesa Nacional, destinada ao meio militar.
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No dia 19 de fevereiro de 1914 Carmela Teles Leite Dutra casou-se com o então segundo-tenente Eurico Gaspar Dutra, com quem também teve dois filhos, Emília (esposa do político Mauro Renault Leite) e Antônio (militar e empresário).
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Em 1922, concluiu o curso da Escola do Estado-Maior.
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Durante a década de 20, por várias vezes esteve envolvido na repressão aos levantes tenentistas então deflagrados contra o governo federal, como em 1922, no Rio de Janeiro, e em 1924, em São Paulo.
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Convidado a participar da Revolução de 1930, preferiu manter-se ao lado das forças legalistas.
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Aproximou-se do governo Vargas a partir de 1932, quando teve importante participação no combate ao movimento constitucionlista desencadeado contra o governo federal, em São Paulo.
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Tempo depois, atingiu o generalato e, entre 1933 e 1934, presidiu o Clube Militar
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Em 1935, comandava a 1ª Região Militar, sediada na capital federal, quando chefiou a repressão ao levante armado deflagrado na cidade por setores vinculados à Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente anti-imperialista e anti-fascista, integrada por comunistas, socialistas e "tenentes"de es querda.
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Em dezembro de 1936, foi nomeado ministro da Guerra. Nesse posto, cumpriu papel decisivo, junto com Vargas e com o general Góis Monteiro, no fechamento do regime, que levou à instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937. Nesse processo, colaborou ativamente na divulgação de uma suposta ameaça comunista e no afastamento do governador gaúcho Flores da Cunha, último obstáculo à concretização do golpe.
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Dutra candidatou-se pelo Partido Social Democrático (PSD), em coligação com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e venceu as eleições de 2 de dezembro de 1945, com 3.351.507 votos, superando Eduardo Gomes da União Democrática Nacional e Iedo Fiúza do Partido Comunista do Brasil. Para vice-presidente, a escolha recaiu sobre o político catarinense Nereu Ramos, também do PSD, eleito pela Assembleia Nacional Constituinte de 1946.
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Dutra assumiu o governo em 31 de janeiro de 1946, juntamente com a abertura dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, em clima da mais ampla liberdade
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A política econômica de Dutra foi marcada pela predominância de políticas liberais. Nessa época, o volume de importações brasileiras aumentou significativamente. Em pouco tempo as reservas econômicas do país diminuíram por causa do grande número de recursos utilizados para financiar a entrada de produtos importados. Conseqüentemente, a indústria nacional sofreu um período de recessão, que foi acompanhado pelo crescimento da dívida externa.
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Nesse período, a condição dos trabalhadores piorou sensivelmente. O congelamento dos salários, inalterados desde 1942, e o aumento dos índices inflacionários encareceram o custo de vida da população.
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Por conseguinte, vários movimentos grevistas e manifestações foram deflagrados neste tempo. Um dos mais violentos protestos ocorreu com o aumento da tarifa dos ônibus e bondes na cidade de São Paulo, em 1947. Os protestos causaram a depredação de prédios públicos e confronto entre os rebelados e a polícia. O governo culpou diversas vezes os comunistas pela autoria desses episódios.
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A partir de 1947, algumas poucas medidas foram tomadas para se refrear a crise da economia. O governo estabeleceu medidas de controle sobre o câmbio e o volume de importações. Certo tempo depois, a economia nacional apresentava números positivos.
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Em 1949, aproveitando o surto de valorização do café, o país fechou o ano com uma balança comercial favorável. O ponto alto do governo deu-se com a criação do Plano Salte (sigla para Saúde, Alimentação, Transporte e Energia). Com os problemas acumulados ao longo de sua administração, as metas desse plano não foram atingidas de maneira expressiva.
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A história do Plano Salte começou em fevereiro de 1946, quando Dutra, ao extinguir o Plano de Obras e Equipamentos então vigente, resolveu reorientar os esquemas de planejamento do governo. Os estudos para a elaboração de um novo plano começaram no mesmo ano e foram intensificados em 1947, sob a coordenação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).
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Em 1950, uma nova eleição começou a ganhar o cenário político nacional. Ainda sentindo a carência de personalidades políticas de âmbito nacional, a disputa daquele ano contou com poucos presidenciáveis. Apoiado por Dutra, o mineiro Cristiano Machado ergueu chapa com o PSD. Pela UDN, Eduardo Gomes disputava mais uma eleição. Enquanto isso, Getúlio Vargas articulou sua volta à presidência pelo PTB.
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Dutra deixou a presidência em 1951 e, três anos depois, participou da conspiração que derrubou o governo democrático de Vargas. Em 1964, apoiou o golpe militar que depôs o presidente João Goulart e manteve expectativa de voltar à presidência.
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Eurico Gaspar Dutra morreu no Rio de janeiro em 11 de junho de 1974.