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No Antigo Egito, acreditava-se que os surdos podiam se comunicar com os deuses e levar anseios e preces. Tratados apenas como uma espécie de oráculos, eram anulados de quaisquer atividades e também proibidos de obter educação.
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Diferente dos egípcios e principalmente fundamentado no pensamento de Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), os gregos acreditavam que ao nascer surdo, alguém também não pensa e, consequentemente não sente, sendo assim, sem utilidade alguma para participar da vida em sociedade. Era propagada e aceita a ideia de extermínio de pessoas surdas e com deficiência.
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Nos primórdios da Idade Média, Santo Agostinho (354-430) e também a Igreja, acreditava que os surdos defendiam o pensamento de que pais de pessoas surdas estivessem pagando algum pecado divino e que estas pessoas não possuíam uma alma imortal, já que eram incapazes de pronunciar sacramentos.
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Por toda a Idade Média, no sistema de heranças, os primeiros filhos homens das famílias ricas seriam destinados a virarem padres e o dinheiro era destinado à Igreja. Filhos surdos além de serem proibidos de receberem a herança, ela também era destinada à Igreja. Começa a partir daí uma preocupação maior com o dinheiro e passa a se pensar na possibilidade de educar os filhos surdos, culminando justamente no despontamento de alguns educadores na época.
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Um dos primeiros educadores de surdos, o espanhol e monge beneditino Ponce de León (1520-1584) educou quatro filhos da nobreza, ensinando-os a falar grego, latim, italiano e ensinou conceitos de astronomia e física. Desenvolveu uma metodologia consistente em datilologia, escrita, oralização e criou também uma escola de professores para surdos.
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Considera-se o século XVIII como o mais fértil da educação de surdos, devido ao grande impulso quantitativo (identificado com o aumento de escolas) e quantitativo (as diferentes situações em que os surdos poderiam alcançar). Marca também o início da saída da negligência e o trabalho na formação da emancipação da comunidade surda.
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O francês l'Épée (1712-1789) surge como influência bastante significativa na educação de surdos após se aproximar da comunidade surda que vivia pelas ruas de Paris e aprende com eles a língua de sinais. Criou os sinais metódicos, combinação entre a língua de sinais e a gramática sinalizada francesa. Transformou sua casa na primeira escola para surdos no mundo e acreditava que todos deveriam ter acesso a uma educação de qualidade e também pública, independente de classe social.
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Também em 1750, o alemão Heinicke (1727-1790) surgia com os primeiros pensamentos a respeito da filosofia educacional Oralista, com o uso da língua oral e de rejeição da língua de sinais. Samuel defendia que a língua de sinais inibia o progresso dos surdos para aprender a linguagem falada e que apenas falando os surdos poderiam ter participações e posições na sociedade.
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em 1815, um professor estadunidense interessado na educação de surdos parte para Europa para aprender. em 1817, junto com um pupilo de l'Épée, Laurent Clerc, forma a primeira escola para surdos nos EUA, utilizando como método um francês sinalizado adaptado para o inglês, surgindo assim um método de base para a filosofia da Comunicação Total. Em decorrência da elevação da escolarização dos surdos, em 1864 foi fundada a primeira universidade nacional para surdos, levando o sobrenome de Gallaudet.
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É fundada em 1857 a primeira escola para surdos do Brasil, no Rio de Janeiro, por D. Pedro II, pedindo também a vinda de um professor estrangeiro. Aluno do Instituto Nacional de Paris, E. Huet (1822-1882) trouxe também a língua de sinais francesa. Inicialmente chamado de Imperial Instituto de Surdo-Mudos, posteriormente teve seu nome alterado para Instituto Nacional de Educação de Surdos. Por ser a única instituição especializada, o INES recebia alunos de todo o país e também de países ao redor.
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Ocorrido em 1880, foi em Milão que foi posto em pauta qual método deveria ser veementemente utilizado na educação de surdos. Com apoio massivo de A. Graham Bell, o Oralismo venceu, tornando a utilização da língua de sinais proibida e impactando a educação de surdos por quase cem anos.
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Em 1911, o INES recebeu e introduziu o Oralismo em todas as suas disciplinas, porém com resistência a língua de sinais persistiu ainda até 1957. Nos anos 70 chega a Comunicação Total e na década seguinte começa oficialmente o bilinguismo no Brasil. Atualmente se utilizam três abordagens da língua de sinais no país, a Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros (LSCB), Língua de Sinais Kaapor Brasileira (LSKB), utilizada por índígenas no Maranhão e a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
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em 24 de abril de 2002, sancionada a Lei 10.436, conhecida como Lei de Libras, reconhecendo a Libras como língua oficial da comunidade de surdos no Brasil.
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Por decreto, se estabelece a organização da educação bilíngue no Brasil para surdos e passa a ser obrigatória a disciplina de Libras em todas as Licenciaturas e também nos cursos de Fonoaudiologia.
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Em 1º de setembro de 2010, pela Lei 12.319, é regulamentada a profissão de tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais.
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Pela Lei Brasileira de Inclusão, em 6 de julho de 2015 vigora o Estatuto da Pessoa com Deficiência, entendendo que toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.