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Na década de 30, a sociedade brasileira sofre profundas transformações, motivadas basicamente pela modificação do modelo sócio-econômico. Ocorre no Brasil a crise cafeeira, instalando-se o modelo sócio-econômico de substituição de importações.
Ocorreu um movimento de reorganização das forças
econômicas e políticas que resultou em um conflito: a Revolução de 30. No âmbito educacional, durante o governo revolucionário de 1930, Vargas constitui o Ministério de Educação e Saúde Pública. -
Entre os anos de 1931 e 1932 efetivou-se a Reforma Francisco Campos.
Organiza-se o ensino comercial; adota-se o regime universitário para o ensino superior, bem como organiza-se a primeira Universidade brasileira. -
A origem da Didática como disciplina dos cursos de formação de professores a nível superior está vinculada à criação desta Faculdade, em 1934, sabendo-se que a qualificação do magistério era colocada como ponto central para a renovação do ensino. No início, a parte pedagógica existente nos cursos de formação de
professores era realizada no Instituto de Educação, sendo aí incluída a disciplina “Metodologia do Ensino Secundário”, equivalente à Didática hoje nos cursos de
licenciatura. -
Em 1937, ao se consolidar no poder com auxílio de grupos militantes e apoiado pela classe burguesa, Vargas implanta o Estado Novo, ditatorial, que persistiu até 1945.
Os debates educacionais são paralisados e o “prestígio dos educadores passa a condicionar-se às respectivas posições políticas”, como afirma PAIVA (1973, p. 125). -
Por força do art. 20 do Decreto-Lei no 1190/39, a Didática foi instituída como curso e disciplina, com duração de um ano. A legislação educacional foi introduzindo alterações para, em 1941, o curso de Didática ser considerado um curso independente, realizado após o término do bacharelado (esquema três + um).
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Esta fase corresponde à aceleração e diversificação do processo de substituição de importações e à penetração do capital estrangeiro. O modelo político é baseado nos princípios da democracia liberal com crescente participação das massas. É o Estado populista – desenvolvimentista, representando uma aliança entre empresariado e setores populares, contra a oligarquia. No fim do período, começa a delinear uma polarização, deixando entrever dois caminhos para o desenvolvimento:
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Em 1946, o Decreto-Lei no 9053 desobrigava o curso de Didática e, já sob a vigência da Lei Diretrizes e Bases, Lei 4024/61, o esquema de três mais um foi extinto pelo Parecer no 242/62, do Conselho Federal de Educação. A Didática perdeu seus qualificativos geral e especial e introduz-se a Prática de Ensino sob a forma de estágio supervisionado.
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Entre 1948-1961, desenvolvem-se lutas ideológicas em torno da oposição entre escola particular e defensores da escola pública. A disseminação das idéias novas ganha mais força com a ação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). As escolas católicas se inserem no movimento renovador, difundindo o método de Montessori e Lubienska.
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O pressuposto que embasou esta pedagogia está na neutralidade científica, inspirada nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade. Buscou-se a objetivação do trabalho pedagógico da mesma maneira que ocorreu no trabalho fabril. Instalou-se na escola a divisão do trabalho sob a justificativa de produtividade, propiciando a fragmentação do processo e, com isso, acentuando as distâncias entre quem planeja e quem executa.
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O quadro que se instalou no país com o movimento de 1964 alterou a ideologia política, a forma de governo e, conseqüentemente, a educação.
O modelo político-econômico tinha como característica fundamental um projeto desenvolvimentista que buscava acelerar o crescimento sócio-econômico do país. A educação desempenhava importante papel na preparação adequada de recursos humanos necessários à incrementação do crescimento econômico e tecnológico da sociedade de acordo com a concepção -
É importante frisar que, nesta fase, o ensino de Didática também se inspirava no liberalismo e no pragmatismo, acentuando a predominância dos processos metodológicos em detrimento da própria aquisição do conhecimento. A Didática se voltava para as variáveis do processo de ensino sem considerar o contexto
político-social. Acentuava-se, desta forma, o enfoque renovador-tecnicista da Didática na esteira do movimento escolanovista. -
A partir de 1974, iniciou-se a abertura gradual do regime político autoritário instalado em 1964. surgiram estudos empenhados em fazer a crítica da educação dominante, evidenciando as funções reais da política educacional, acobertada pelo discurso político-pedagógico oficial. A Didática passou também a fazer o discurso reprodutivista, ou seja, a apontar o seu conteúdo ideológico, buscando sua desmistificação de certa forma relevante, mas relegando a segundo plano sua especificidade.
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Na década de 80 a política econômica de recessão dificulta ainda mais a vida do povo brasileiro, com elevado índice do desemprego, alta da inflação e o aumento da dividida externa. Os professores se empenham para a reconquista do direito e dever de participar na definição da política educacional e na luta pela recuperação da escola pública. Ocorre a I Conferência Brasileira de Educação que se constituiu em um espaço de discussão e disseminação da concepção crítica da educação.
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Na pedagogia crítica a educação não está centrada no professor ou no aluno, mas na questão central da formação do homem. A educação está voltada para o ser humano e sua realização em sociedade. A escola se organiza como espaço de negação de dominação e não mero instrumento para reproduzir a estrutura social vigente.